Por Rita Borba.
A beleza inclusiva considera todos os indivíduos, independentemente do sexo, idade, religião, tom e tipo de pele, no desenvolvimento de produtos cosméticos e de higiene corporal na publicidade das marcas e até nos algoritmos das redes sociais.
Nos últimos anos a indústria da beleza tem evoluído no sentido de desenvolver produtos específicos para a pele masculina (que é mais espessa, oleosa, sensível e reativa devido ao barbear) mas relativamente a peles negras as alternativas ainda são poucas.
TOM DE PELE
A pele mais escura reage de forma diferente às condições da pele, como acne e eczema e é mais suscetível à hiperpigmentação devido à maior produção de melanina. Muitos produtos são testados em tons de pele mais claros ignorando a eficácia em tons de pele diferentes.
Para além da falta de representação de pessoas negras nos tons de base de maquilhagem, também é quase inexistente a inclusão da imagem de modelos negros nos anúncios de publicidade.
O conceito “beleza inclusiva” tem sido uma tendência principalmente desde 2017 quando a marca de cosméticos Fenty Beauty, criada pela artista Rihanna, lançou 40 tons de base diferentes, que desencadeou uma mudança na indústria de maquilhagem com ampla inclusão em tons de pele e género. Para além disso as suas embaixadoras fora dos “padrões” como mulheres com excesso de peso, negras e com deficiências motoras revolucionaram o conceito de perfeição utilizado em marketing no mundo da beleza. Outro exemplo é a Human Race de Pharell Williams, que inclui questões como género, tipo e cor de pele em que ele próprio é o rosto de comunicação da marca.
Em Portugal, no programa de TV “Big Brother 2020”, a falta de inclusão na beleza gerou polémica quando a marca patrocinadora de maquilhagem da casa mais vigiada do país não dispunha de tons de base escuros e uma das concorrentes, não se sentindo representada, referiu o seguinte: “Nós precisamos de representatividade em coisas pequenas como esta, como uma simples maquilhagem que não tem bases para todas as tonalidades.”
SEM GÉNERO
As tendências de moda, beleza e comportamentais apontam ainda para o crescimento do conceito ‘genderless’ que deverá surgir para além da questão do unissexo, como aconteceu nos anos 90 com o lançamento da fragrância Calvin Klein CK One, por exemplo. O desafio prende-se agora no desenvolvimento de formatos, fórmulas e experiências que permitam criar um produto único de rosto para homens e mulheres com diferentes necessidades. Em 2021, o rapper Lil Yachty lançou a Crete – For You. Not Them, uma marca de vernizes sem género em formato de caneta para facilitar a sua aplicação, o que acabou por tornar os produtos inclusivos, sem querer, com pessoas com deficiência que tenham dificuldades de mobilidade. O rapper Tyler, The Creator também lançou a sua marca Golf Le Fleur que além de roupas e acessórios, tem perfume e vernizes genderless. Também o ano passado, Harry Styles estreou a Pleasing, apresentando uma linha de vernizes e um sérum iluminador.
Os consumidores estão cada vez mais exigentes em encontrar produtos com que se identifiquem ou até que sejam personalizados para eles e têm em consideração as marcas com responsabilidades sociais de diversidade e inclusão no momento da decisão de compra.
O termo “inclusivo” tem sido muito utilizado para impulsionar as vendas, mas a indústria da beleza ainda tem muito para evoluir nesse sentido e as grandes marcas devem integrar ainda mais modelos étnica e racialmente diversos nas campanhas de publicidade para uma maior representatividade.
Rita Borba.
Farmacêutica especialista em Cosmética e a frequentar uma pós-graduação em Gestão e Marketing, tenho um fascínio pela Comunicação e a necessidade de escrever com o objetivo de contribuir para a literacia na saúde, beleza e bem-estar. Apaixonei-me pela música ainda antes de saber ler nem escrever e em 2021 aventurei-me a soltar a voz no universo pop português!
Nos tempos livres perco-me a ouvir música e podcasts no Spotify, a fotografar e a ler sobre marketing e cosmética. No FEMINA pretendo partilhar conteúdos despertando para a importância da saúde da mulher no empoderamento e igualdade.